Tenho
notado que o debate político sobre as eleições municipais está sendo construído
muito mais sobre possíveis nomes de candidatos, numa visão que personifica o
poder político, e há poucos debates sobre as realidades da cidade e as soluções
que precisam ser apontadas. No entanto, é crucial lembrar que o verdadeiro
cerne da democracia local reside na construção da cidadania plena por meio da
entrega de políticas públicas eficazes e voltadas para o bem-estar coletivo e sustentadas
na permanente participação popular. Não podemos resumir o exercício da
cidadania ao mero dia da escolha dos candidatos.
Essa
postura de preparar os cenários para o enfrentamento eleitoral dando prioridade
aos nomes dos possíveis candidatos é uma estratégia para a manutenção da atual
conjuntura política onde a ideia do poder está na figura da pessoa física e não na
representatividade das ideias, propostas e representação dos seguimentos da
sociedade, nem dos partidos, fortalecendo o comportamento de que os eleitores,
em sua imensa maioria, não votam por definição de ideias ou identidade
partidária. Assim sendo, essa forma de posicionar a
pré-campanha acaba sendo uma janela de oportunidades para quem já está no
poder, tanto no executivo como no legislativo, pois, não existe uma mobilização
de questionamentos sobre as questões da qualidade dos serviços, e assim, até os
núcleos políticos que tentam fazer uma oposição de questionamentos acabam
ficando minimizados, invisibilizados por estarem na contra mão no debate
tradicional. Mais precisamos romper com esse costume que nos aleija.
Juazeiro do Norte é um bom exemplo do que estamos falando. Temos todos os dias uma chuva de informações sobre as agendas das articulações dos possíveis candidatos, com ênfase aos pretendentes do poder executivo, e até agora podemos dizer que tivemos pouca ou nenhuma movimentação importante sobre a necessidade de pensar a cidade, seus problemas e as possíveis soluções ouvindo quem nela vive e quem sente o peso das injustiças. Como pode a maior e mais importante da região do Cariri não tem um serviço público que seja apontado como referência pela qualidade?
Como podemos aceitar a triste constatação de sermos a cidade com o maior polo de ensino superior de todo interior da região nordeste e não possuirmos uma única escola da rede municipal com nota dez dentro das avaliações da qualidade da educação? Essas e outras contradições e deficiências pesam de forma negativa na qualidade de vida uma população de quase trezentas mil pessoas.
Portanto, nas eleições municipais, e mais ainda agora nesse período de pré-campanha, é essencial olharmos além dos nomes dos possíveis candidatos e nos concentrarmos no verdadeiro objetivo da política: a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e democrática por meio de políticas públicas de qualidade que promovam a cidadania plena para todos os cidadãos.
Tiago Pereira.
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